Ads 468x60px

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Dislexia - Não vamos ignorar!


Segundo o repórter Rafael Nascimento, em matéria da revista Comunicar, a dislexia atinge aproximadamente 4% da população brasileira. Ou seja, cerca de 7 milhões de pessoas sofrem com este problema, somente em nosso país. A situação torna-se ainda mais preocupante pela falta de capacitação de professores em identificar as crianças potencialmente atingidas nas escolas. Então, como saber se seu filho sofre deste problema? 

Se seu filho está com dificuldades na escola, ele pode ter dislexia. É claro que este não é o único transtorno de aprendizagem, e é necessário um olhar atento de um profissional para descobrir se este é o caso. O que os pais devem fazer é, em percebendo as dificuldades de seus filhos, procurar um Fonoaudiólogo, que será capaz de avaliar melhor o que está acontecendo com a criança. No caso da dislexia, a criança tem dificuldade na leitura e escrita, e isso acarreta todo o aprendizado. Durante este post, vamos dar uma ideia clara do que passa uma criança com este comprometimento. 

Imagine um menino de uns sete anos, em época de alfabetização. Ele frequenta a escola regularmente, participa das atividades e é avaliado de maneira positiva por seus professores. Mesmo assim, não desenvolve as competências escolares que lhe são exigidas. Enquanto toda a turma tira boas notas, incluindo aquele aluno que nunca estuda, este menino vai ficando para trás, e se frustrando com os resultados de seu esforço. O tempo vai passando, e ele vai ficando cansado e desmotivado. Afinal de contas, para que estudar? As notas não sobem de qualquer jeito. E sua desmotivação vira negligência. As lições de casa deixam de ser feitas, os bilhetinhos da professora começam a se acumular, e na ânsia de tentar reverter a situação, pais desinformados pressionam a criança, achando que o que ela tem é só preguiça. Soma-se a isso a humilhação que sofre por parte dos coleguinhas, o principio do bullying. Forma-se um ciclo. A criança tenta estudar, falha na prova, sofre Bullying, fica desmotivada, deixa de estudar e de cumprir as tarefas, leva bronca, tenta estudar, falha... E a vida escolar se torna um inferno! E eis aí uma criança traumatizada. 


O que pode estar acontecendo, no caso da dislexia, é que tudo aquilo que a criança tenta ler, não chega da forma correta ao cérebro. Este é o cerne do distúrbio  Em algum lugar entre o que os olhos captam e o que o cérebro codifica, há uma falha. Então, fica difícil para a criança ler corretamente, por que o cérebro interpreta errado, e escrever, por que para aprender a escrever é necessário ler. Imagine o que é isso numa véspera de prova de ciências sociais, por exemplo. Não deve ser nada fácil entender quem descobriu o Brasil quando não se consegue nem ler a palavra Brasil. 

Aconteceu comigo. Não tenho dislexia. Tenho déficit de atenção (outro distúrbio do aprendizado). E posso dizer, por experiência própria, que a escola era uma tortura lenta, gradual, e constante, por que passava a maior parte dos meus dias lá. Agora que já expliquei o que se passa na cabecinha e na vida de alguém com um acometimento de aprendizado, espero que os senhores pais prestem a devida atenção, e aproveitem um pouco as dicas do nosso post. 

Uma vez que você perceber que seu filho está com dificuldades - e para tanto tem que haver observação - convoque uma reunião com o orientador da escola, para conseguir mais informações sobre o comportamento da criança na escola. De posse dessas informações, procure um Fonoaudiólogo. Uma avaliação completa será feita. Nesta avaliação a audição periférica e central serão avaliadas, além das competências de linguagem - que permeiam o aprendizado. O Fonoaudiólogo será provavelmente o profissional apto a lhe orientar em relação a equipe multidisciplinar a cuidar do caso de seu filho. Sim, por que será preciso envolvimento, além da Fonoaudiologia, pelo menos de um Neurologista e um Psicólogo. Depois de passar por todas as avaliações, e obter um diagnóstico preciso, é hora de começar um bom tratamento, que vai ajudar seu filho.  

A terapia Fonoaudiológica é o carro chefe do tratamento. Por que é nela que seu filho aprenderá a reconhecer suas dificuldades e a driblá-las com estratégias de aprendizado próprias  Um exemplo - de novo pessoal: não consigo me concentrar numa atividade quando tenho distrativos a minha volta. E a não ser que eu me transporte para um lugar onde só eu exista, os distrativos farão parte de qualquer ambiente. Então, o que eu faço para conseguir estudar e me concentrar? Controlo o ambiente! Como assim? Moro numa rua bem barulhenta e tenho uma cachorrinha que me distrai. Dou um ossinho para a cachorrinha não me perturbar por algumas horas e ligo a televisão. Uso sempre o mesmo programa de tv, algum que não tenha nenhuma novidade, ou cujo assunto não me interesse. Assim, a tv camufla o barulho da rua que me atrapalha por demais (quero ver tudo o que acontece do lado de fora), por que o da tv eu consigo esquecer. Desta forma consigo estudar. Este é só um exemplo. Fui diagnostica depois de adulta, então tive que me adequar rápido para não sofrer tanto na faculdade. Quando o diagnóstico vem cedo, as chances da criança se desenvolver sem maiores dificuldades é enorme. Lembrando que os distúrbios de aprendizagem não têm cura. Mas sim, aprende-se a lidar com eles de forma que alcancemos tudo quanto desejarmos na vida, no nosso passo.  



O que é importantíssimo salientar é que nenhuma criança nasce vagabunda ou com preguiça. Quando não temos nenhum problema e não encontramos obstáculos, somos seres levados ao aprendizado naturalmente. Se o seu filho não faz a lição de casa nunca, e está com as notas baixas, ele não era vagabundo, e nem preguiçoso. O sistema o tornou isso, de alguma forma. Seja oprimindo, seja ignorando as necessidades dele. Vale à pena procurar um profissional capacitado para tentar descobrir qual foi o problema criador da preguiça. Não duvide de seu filho, da capacidade dele, jamais. Se algo está errado, procure ajuda. Não assuma apenas que ele é vagabundo. Por que ninguém nasce querendo falhar. E quando o fracasso vem, é angustiante e solitário pra qualquer um. Que dirá uma criança!







JulyN

0 comentários:

Postar um comentário