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quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

As incongruências do Sistema de saúde público...

Logo do SUS. Cortesia de InfoEscola.


Olá, amigos e amigas. Tudo bom com vocês? Espero que sim... Que 2016 venha com saúde e paciência, por que vamos precisar muito... Hoje meu texto é mais um protesto e uma constatação triste. Não sei se de fato ele irá ajudar alguém, ou se só servirá como um fator de apoio psicológico a quem está buscando atendimento no Sistema Único de Saúde. Tão pouco terei soluções... Adoraria tê-las, e até arrisco pensar em algumas coisas. Mas não estou no sistema, não trabalho nele, e meu único poder é esse: de usuária. 


Pois bem... Meu irmão vem enfrentando um problema que é bem comum, embora seja pouco divulgado: zumbido. Acredito eu que o pouco diálogo que acontece à respeito disso nos meios mais populares aconteça pela falta de explicações assertivas sobre causas e evolução do problema. Há várias causas, múltiplas variáveis, muitos tratamentos, e, de fato, nenhuma grande solução ou tratamento concreto para extinguir o mal da vida de quem o tem. E quem é que quer ficar discutindo algo que não tem uma solução simples, não é? 

Depois de um ano procurando diferentes especialidades da medicina, dentistas e paramédicos, atrás dos mais variados tratamentos, sem alcançar sucesso - tudo particular -, chegamos a um setor da Escola Paulista de Medicina que parecia poder resolver o problema. Para tanto, necessitávamos conseguir uma vaga no sistema regulador da prefeitura de São Paulo, que disponibiliza o dinheiro do SUS para o atendimento. Tudo certo... Moramos na rua do hospital, e pelo critério de zoneamento somos exatamente o público que tem direito ao atendimento lá. Procuramos o setor de Otorrinolaringologia, e até conseguimos o atendimento ambulatorial. Achávamos, por questões óbvias, que o encaminhamento para o setor de DTM - Distúrbios Têmporo-Mandibulares - se dava através do Otorrino. Conseguimos consultas lá, e estávamos esperançosos...

Foi um banho de água fria quando percebemos que os funcionários do Otorrino nem sequer conheciam o setor de DTM. Como assim?!? Fui orientada a procurar a odontologia que funcionaria no local... E este foi o começo da saga... De guichê em guichê, de porta em porta, de funcionário em funcionário, fomos descobrindo aonde não procurar por um encaminhamento para a DTM. Agora, pensem comigo... Você está doente. Talvez, com dificuldade para andar... Talvez tenha algum problema cardíaco... Claro que, ao chegar no hospital São Paulo, vai andar por toda Vila Clementino - por onde os setores se estendem - em busca do atendimento correto... Claro... Não é o caso do meu irmão. Mas o hospital deveria funcionar para todos os tipos de paciente, não é? 

Aí, conseguimos contato com a secretária da DTM, que nos informou que precisaríamos ir ao posto de saúde que nos atende aqui na Vila Clementino, adentrar o serviço dos distúrbios da ATM, passar por triagem, e se o médico lá achasse que era caso para o ambulatório do Hospital São Paulo, seríamos encaminhados e um pedido seria feito pela liberação da vaga à prefeitura. Então, fomos atrás do posto. 

Distância entre o posto do Pastorinho, e a farmácia de alto custo.
Há alguns anos atrás, o posto que nos atendia é o comumente chamado de 'Posto do Pastorinho'. Fica perto da estação Vila Mariana do metrô, ao lado de um supermercado Pastorinho... E é bem grande. Cheguei a estagiar lá quando fui aluna da Escola Paulista. Liguei lá pra perguntar aonde eu teria que ir, por que parte do serviço do posto foi nos últimos anos remanejado aqui pra perto de casa, há algumas quadras. A moça não sabia me informar. Mas... Me passou o endereço de uma terceira localidade, há um quilômetro de distância, mais ou menos, aonde funcionava agora o ambulatório do posto. Tudo isso checando meu endereço e se certificando que eu estava dentro da área de cobertura deles. 

Distância dos ambulatórios da Vila Mariana até a farmácia de alto custo.
Então... Você está doente, com dificuldade para andar. Vem ao posto da Vila Mariana ser atendido, descobre que seu atendimento não é lá. Desce um quilômetro em direção à saúde, para buscar o atendimento ambulatorial. Seu médico, ao fim, lhe passa uma receita médica e lhe diz que o remédio, de alto custo, pode ser retirado no posto mesmo. Ali, na saúde??? Não... Na Vila Clementino, na terceira localidade, há três quilômetros de onde você está, quase no parque do Ibirapuera... (silêncio de indignação)

Pois é, fomos ao ambulatório da saúde. Para descobrir na porta que o atendimento que procurávamos não acontecia lá. Ah... E eles nos disseram que, para o nosso endereço, o posto de saúde era outro, já no Planalto Paulista... O que ficou muito esquisito. Se o posto atende o bairro, por que é que meu endereço é atendido pelo Planalto Paulista? É impossível ir à pé, doente, até o posto... E ele não deveria justamente me atender em situação de pouco risco, em que eu pudesse chegar nele à pé? 

Do posto da saúde para o de Planalto Paulista.
Lá fomos nós ao tal posto. Queríamos a vaga. Fomos bem atendidos, finalmente... No guichê de marcações... Que nos deu a única informação acurada. Confirmaram que nosso endereço era antedido lá, mas que o que procurávamos, especificamente, ficava em outro endereço, num dentista conveniado ao posto, que ficava atrás do Pastorinho, na Vila Mariana.... Caceta!!! Aí, fomos correndo pra lá. Era por volta das 13hrs... Fomos informados que não havia mais vagas para o mês de dezembro e que nem na lista de espera seríamos colocados, por que o atendimento de marcação de consultas tinha acabado de acabar... Sério. Por falta de pessoal, marcação nos guichês só até as 13hrs, lá... 

Aí, voltamos pra casa suados - era um dia de calor -, cansados, pois tínhamos acordado cedo, e irritados, por que passamos a manhã indo e vindo como baratas tontas, e não tínhamos conseguido marcar a tal consulta. Foi um momento de derrota. Esse era o sentimento. 

É assim que o SUS faz com a saúde mental dos seus usuários. Deprime, exaure... Uma tristeza completa. Já era quase véspera de Natal, então, desistimos da luta naquele momento, embora houvesse alguma urgência, visto que o zumbido está afetando a audição de meu irmão, e ele só tem em uma orelha - ou seja, se perder essa, estará surdo. Mas estávamos mentalmente cansados de tantos fracassos. 

Eu consegui marcar a consulta, finalmente. Voltei lá no dentista na segunda semana de janeiro, e marquei para o início de Fevereiro. Esperemos que isso seja o início da solução. O que eu puder contar pra vocês, prometo fazê-lo, a medida que as coisas forem acontecendo. A postagem é mais um desabafo, e uma chacoalhada. Isso tudo não está certo, e nós, como população, deveríamos estar fazendo algo à respeito... Espero despertar esta vontade de brigar por melhorias em pelo menos alguns de vocês. 



JulyN.

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